MONITORAMENTO DO PROCESSO DE GESTÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE SÃO JOÃO DEL-REI – ASCAS
Relatos de Experiências
Vanessa Resende Barbosa (UFSJ) vanessarbarbosa@mgconecta.com.br
Janio Caetano de Abreu (UFSJ) janioabreu@ufsj.edu.br
Resumo:
Este estudo trata do projeto “Inclusão social dos catadores de materiais recicláveis de São João del-Rei/MG e conscientização ambiental”, um projeto interdisciplinar, que existe há três anos e tem como principais desafios o fortalecimento e a consolidação da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de São João del-Rei - ASCAS, visando a emancipação social e econômica dos catadores, de forma sustentável, além da implantação e ampliação da coleta seletiva no município.
O presente estudo, que tem origem em um Programa de Iniciação Científica, financiado pela FAPEMIG, objetiva ter um instrumento de gestão para monitoramento e avaliação da performance operacional, socioeconômica e administrativa de entidades associadas e relacionadas à cadeia de resíduos, a partir de alguns indicadores de gestão. Deve-se destacar que a pesquisa se encontra em desenvolvimento, mas já são notórios alguns resultados: crescimento do quadro social da associação; variação no volume do material coletado, do preço de venda e da renda dos associados; aumento dos recursos próprios da ASCAS, dentre outros.
Palavras-Chave: Catadores; Material Reciclável; Economia Solidária; Gestão de Empreendimentos Solidários; Indicadores de Sustentabilidade.
1 – Introdução
Nas últimas décadas, com a queda na oferta de postos de trabalho, o número de pessoas que passaram a ocupar as ruas e delas retirar seu sustento começou a crescer. A atividade de catar papéis e material reciclável, existente nas cidades há várias décadas, começou a agregar um número cada vez maior de homens e mulheres que passaram a fazer parte dessa “economia marginal” da cidade.
Esse fenômeno converge com a elevada complexidade sócio-ambiental das cidades, segundo DIAS (2002), fruto de um modelo predatório de apropriação da natureza, o que vem evidenciando os efeitos cumulativos da ação antrópica particularmente desde o início da década de setenta em todo o mundo.
Se por um lado cresce os problemas dos resíduos nas cidades também aumenta o contingente de pessoas excluídas das possibilidades de trabalho e produção. Dessa combinação dramática surge a atividade do catador de resíduos. Tratados com descaso e preconceito pela população, pela polícia e pelos representantes das administrações municipais, passam, com o tempo, a ser vistos por alguns segmentos como trabalhadores que desempenham importante papel social e que merecem ser considerados.
Na cidade de São João del-Rei/MG como em outras cidades, com a redução do parque industrial, principalmente o têxtil, com o fechamento de fábricas e a redução de postos de trabalho, houve um significativo contingente de pessoas que, sem perspectiva de conseguir emprego no mercado formal, buscou estratégias para realizar suas atividades no mercado informal, inserindo-se como catadores de materiais recicláveis.
A maioria dessas pessoas adotou a cata do papel e do material reciclável como a possibilidade que se apresentou para garantir sua sobrevivência e de sua família. Para tanto, submetem-se a situações de muita exploração em suas rotinas de trabalho reproduzindo o velho jogo do mundo capitalista. Os donos dos depósitos, que comercializam o material recolhido, pagam quantias irrisórias aos catadores. Na maioria das cidades brasileiras, praticamente inexiste qualquer tipo de suporte para o exercício da atividade, tais como coleta seletiva de lixo ou galpões para triagem e armazenamento do material. O que existe são ações esparsas e isoladas. Isso exige que o armazenamento do material reciclável seja feito nas casas ou quintais dos catadores até obterem volume suficiente para a venda, o que constitui um risco para a saúde pública. O estresse, o alcoolismo e a violência, em geral, atingem altos índices no seio dessa população, numa demonstração clara de deterioração.
Diante desse quadro, surge, no final do ano de 2002, o projeto Inclusão social dos catadores de material reciclável de São João del-Rei e conscientização ambiental, um projeto interdisciplinar do qual participam professores e alunos – da graduação e pós-graduação – dos cursos de Administração, Biologia e Psicologia. Este projeto tem como principais desafios o fortalecimento e a consolidação da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de São João del-Rei - ASCAS, constituída em novembro de 2003, visando a emancipação social e econômica dos catadores, de forma sustentável, bem como a ampliação e implantação de um projeto piloto de coleta seletiva para o município. Os esforços e estudos são elementos contribuintes para a melhoria da performance do trabalho na cadeia produtiva dos resíduos, empenhados pelos catadores de São João Del-Rei.
Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo geral pesquisar um instrumento de gestão para monitoramento e avaliação da performance operacional, socioeconômica e administrativa de entidades associadas e relacionadas à cadeia de resíduos, a partir de alguns indicadores de gestão (figura 2.1) – ASCAS. Outros objetivos específicos são: acompanhar e validar alguns indicadores para monitoramento da gestão de entidades coletivas como a ASCAS; verificar até que ponto os esforços e recursos advindos de atores diversos (parceiros, associados) promovem impactos e quais impactos, no sentido orientar ações e decisões; buscar elementos para a administração de empreendimentos das populações em risco e excluídas; fortalecer com o presente estudo o Projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei e conscientização ambiental; incentivar o desencadeamento de novos estudos relacionados à performance de coletivos similares a ASCAS.
De forma indireta, via Projeto de Inclusão Social, espera-se poder contribuir para o aumento do volume de material processado pela ASCAS, para a ampliação da renda dos associados, a melhoria das condições de trabalho, a consolidação de seu empreendimento, para a implantação de um programa de coleta seletiva, bem como para a busca de novos parceiros e fontes de financiamento, além de e uma conscientização ambiental da população.
2 – Metodologia
Estão sendo utilizados como recursos metodológicos pesquisa bibliográfica e documental, em fonte de papel (DENCKER, 1998) e eletrônica, além de um trabalho de campo constante para monitoramento da atividade dos catadores, e aplicação de questionários para a obtenção de informações, qualitativas e quantitativas, que alimentam um formulário de levantamento, orientado pelas referências do Modelo para avaliação do desempenho do coletivo (figura 2.1). Ainda, são elaborados relatórios mensais, com registro de esforços e análise de impactos, o que permite avaliar a evolução do desempenho da ASCAS. Os resultados obtidos através da pesquisa estão sendo apresentados em eventos como seminários e congressos .
A figura 2.1 que contém os indicadores a serem monitorados mostra dois grupos de referência: a) desempenho da ação societária (RECOOP 1998) e b) desempenho da atividade operacional (levantamentos preliminares). No caso a) são referências dadas pelo Programa de Revitalização das Cooperativas Agropecuárias e no caso b) são dados levantados junto aos associados da ASCAS para constituição de indicadores principais.
Além das orientações específicas para o procedimento de pesquisa, o estudo segue os procedimentos metodológicos da ITCP/UFSJ.
Figura 2.1 - Modelo para avaliação do desempenho do coletivo
Descrição dos indicadores |
Mês 1 |
Mês 2 |
Mês 3 |
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Inf |
Esforços desempenhados |
Inf |
Esforços desempenhados |
Inf |
Esforços desempenhados |
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Desempenho
Da ação Societária
(RECOOP 1998)
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Faturamento por associado (R$) |
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Crescimento do quadro social (%) |
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Participação social ** |
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Capital social total (R$) |
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Associado ativo x associado total (%) |
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Participação nos eventos (%) |
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Representação social e politica *** |
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Aumento dos Recursos Próprios (%) |
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Desempenho
da atividade
operacional
(material coletado) |
Alumínio (kg) |
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Metal (kg) |
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Ferro velho (kg) |
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Cobre (kg) |
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Plástico duro (Kg) |
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Plástico mole (Kg) |
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Papel arquivo (kg) |
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Papel (jornal) (kg) |
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Papel (papelão) (Kg) |
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Garrafão 5 litros (un) |
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Garrafa 1 litro (un) |
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Garrafa 250 ml |
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Garrafas menores ou quebradas (kg) |
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** Número de associados em relação ao número de produtores da área de ação. Inf = Informações sobre os indicadores.
*** Número de associados em comitê e associações em relação ao total de associados.
3 – Revisão Bibliográfica
Um dos pressupostos da presente pesquisa está na orientação da economia solidária. Sobre economia solidária tem-se em SINGER(1997); ARRUDA (1998); CORAGGIO (1998-99); DEFOURNY, FRAVEAU e LAVILLE (1998); GAIGER (1999); GARCIA-PONT e NOHRIA (2002) e LAVILLE (1994) que a economia de mercado capitalista está fundada na crença de que o mercado é capaz de auto-regular-se para o bem de todos. Ainda, o capitalismo procura desenvolver capacidades produtivas privilegiando uma constante concentração da riqueza e da renda, o que resulta em desigualdade social, miséria e expansão.
Segundo CANNARD, GROSSO, SKAGHAMMAR (2002), o termo economia solidária designa o conjunto das atividades de produção, distribuição, consumo e financiamento, contribuindo para a democratização da economia por meio de cidadãos empenhados tanto em nível local quanto em nível global. Ela é praticada em modalidades variadas e inclui diferentes formas de organização, das quais a população se favorece para criar seus próprios recursos de trabalho ou para ter acesso a bens e serviços (incluindo financiamentos) de qualidade, em uma dinâmica recíproca e solidária que articula os interesses individuais aos coletivos”.
A economia solidária, economia social, socioeconomia solidária, humanoeconomia, economia popular, economia de proximidade etc, faz surgir as práticas de relações econômicas e sociais que propiciam a sobrevivência e a melhora da qualidade de vida de milhões de pessoas em diferentes partes do mundo. As relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em particular.
A economia solidária busca a unidade entre produção e reprodução e procura evitar a contradição fundamental do sistema capitalista, que desenvolve a produtividade, mas exclui crescentes setores de produtores, sobretudo o micro e pequeno empreendimento produtivo. Segundo os princípios solidários, deve-se procurar a outra qualidade de vida e de consumo. Isto requer a solidariedade entre os cidadãos do centro e os da periferia do sistema mundial.
Os fundamentos que orientam os empreendimentos solidários propõem a atividade econômica e social enraizada no seu contexto mais imediato, e tem a territorialidade e o desenvolvimento local como marcos de referência. Busca desenvolver redes de consumidores que têm se espalhado por diversos países, definindo conscientemente seus níveis de consumo com base em princípios éticos, solidários e sustentáveis. Rejeita a proposta de mercantilização das pessoas e da natureza às custas da espoliação do meio ambiente terrestre, contaminando e esgotando os recursos naturais e promove o desenvolvimento de redes de comércio a preços justos tendo como fundamento os empreendimentos em sua dimensão intra e inter geridos de forma autodeterminada, segundo fundamentos da autogestão.
Nesse sentido, busca-se inserir a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de São João del Rei (ASCAS) em uma estrutura de rede de entidades envolvidas com a cadeia produtiva dos resíduos (LOPES, OLIVEIRA E ABREU, 2004). Uma vez que existe no Brasil, a partir do exemplo da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de BH (ASMARE), a perspectiva de trabalho em rede. A rede tem-se apresentado como uma estratégia eficaz de compartilhamento mercadológico, político, cultural e social, o que é demonstrado em trabalhos de CANNARD e GROSSO (2002); CHOPRA e MEINDL (2003); GRANDORI e SODA (1995); GUILHON e GUILHON (2000); MANCE (2001); TEIXEIRA e GUERRA (2002); TURK (2001).
Sobre economia solidária, SINGER diz: “A economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos que esperam em vão um novo emprego a oportunidade de se reintegrar à produção por conta própria, individual ou coletivamente. (...) Se a economia solidária se consolidar e atingir dimensões significativas, ela se tornará competidora do grande capital em diferentes mercados. (...) Sem guerra-fria, sem ameaça atômica, os homens voltarão a poder escolher e experimentar formas alternativas de organizar sua vida econômica e social.”
4 – Resultados Parciais
O presente estudo teve início em Março de 2005 e ainda se encontra em fase de desenvolvimento, estando previsto o encerramento em fevereiro de 2006. Contudo, já são notórios alguns resultados, dentre os quais: um alto índice de associados ativos em relação aos associados totais da ASCAS; crescimento do quadro social da associação; variação no volume do material coletado e no seu preço de venda, com uma conseqüente variação na renda mensal dos associados; aumento dos recursos próprios da ASCAS, o que foi possível através da elaboração de projetos para a captação de recursos e estabelecimento de parcerias com órgãos públicos e privados.
Hoje, a ASCAS conta com diversos parceiros, dentre eles: Universidade Federal de São João del-Rei, através da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) e dos Laboratórios de Estudos do Meio Ambiente (LEMA) e de Pesquisa e Intervenção Psicossocial (LAPIP); Prefeitura Municipal de São João del-Rei; Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei; Sindicato do Comércio Varejista de São João del-Rei; Pastoral de Rua de Belo Horizonte; Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte – ASMARE e Companhia Industrial Fluminense. A Associação também possui um galpão, alugado pela Prefeitura Municipal de São João del-Rei, onde está localizada sua sede atual.
O estabelecimento de tais parcerias facilitou a obtenção de apoio junto a fontes de financiamento. No final do ano de 2004, a Fundação Banco do Brasil destinou ao projeto cerca de 60.000 reais em recursos não reembolsáveis a serem investidos em equipamentos e materiais permanentes para equipar a sede da Associação. Em 2005, o Projeto foi contemplado com o 10º Prêmio Banco Real/Universidade Solidária, recebendo 20.000 reais, estes destinados à ampliação da coleta seletiva no bairro de Matozinhos, onde se localiza a sede da ASCAS. Um projeto piloto da coleta seletiva foi implantado em um condomínio do bairro e está sendo continuamente monitorado. O projeto teve, ainda, uma proposta aprovada na Seleção Pública de Propostas para Apoio a Projetos de Tecnologias Sociais para Inclusão Social dos Catadores de Materiais Recicláveis, lançada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Considerando que alguns parceiros e financiadores exigem uma avaliação de performance, o presente estudo estabeleceu um conjunto de elementos que contribuem para o monitoramento e orientação na aplicação e uso dos recursos disponibilizados para a ASCAS. Isso demonstra efetividade para outras fontes institucionais e facilita a busca de apoio.
Ainda, pode-se observar um crescimento dos catadores quanto a conhecimentos de gestão: cada dia mais os catadores associados apresentam avanços na maneira de realizar negócios e lidar com questões burocráticas relacionadas à associação. Acredita-se que esse crescimento se deve à participação dos catadores nas reuniões semanais da ASCAS (com a participação do grupo de trabalho da UFSJ); bem como à sua participação em eventos como Festival Lixo e Cidadania (evento anual, promovido pela Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte – ASMARE) e Encontro do Movimento Nacional dos Catadores; e reuniões com os parceiros.
No âmbito geral, observa-se uma notória evolução da ASCAS. A Associação está em um momento de concretização, no qual inicia seu funcionamento de forma efetiva. Nesse sentido, diversas ações vêm sendo desenvolvidas, dentre elas: estruturação do novo galpão da ASCAS; elaboração de planilhas para controle financeiro e da produção; e constituição do modo de funcionamento do empreendimento, a partir do qual será elaborado o Regimento Interno da Associação. Vale ressaltar que todas as ações desenvolvidas contam com a participação efetiva dos catadores associados.
5 – Conclusão
O tema Gestão dos Resíduos Sólidos, desde sua produção, coleta e disposição final, é uma discussão bastante atual, e envolve questões políticas, econômicas e sociais.
Na medida em que utilizam matérias-primas recicladas, as indústrias podem demandar quantidades sensivelmente menores de energia, água e recursos naturais, além de contribuir para a redução da poluição ambiental. Nesse contexto, se inserem os catadores, trabalhadores que, há mais de 50 anos, coletam nas ruas os materiais recicláveis e encaminham para a reciclagem, daí tirando seu sustento e o de sua família. Além de contribuir com a economia dos recursos naturais, o trabalho dos catadores contribui com a limpeza da cidade, com a saúde pública, com o meio ambiente e com a vida útil dos aterros. Contudo, Muitas vezes esses profissionais são marginalizados e não são reconhecidos pelo trabalho que prestam à comunidade e ao poder público.
De acordo com informações obtidas no Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, “A participação de catadores na segregação informal do lixo, seja nas ruas ou nos lixões, é o ponto mais agudo e visível da relação do lixo com a questão social. Trata-se do elo perfeito entre o inservível lixo e a população marginalizada da sociedade que, no lixo, identifica o objeto a ser trabalhado na condução de sua estratégia de sobrevivência. Uma outra relação delicada encontra-se na imagem do profissional que atua diretamente nas atividades operacionais do sistema. Embora a relação do profissional com o objeto lixo tenha evoluído nas últimas décadas, o gari e o catador ainda convive com o estigma gerado pelo lixo de exclusão de um convívio harmônico na sociedade. Em outras palavras, a relação social do profissional dessa área se vê abalada pela associação do objeto de suas atividades com o inservível, o que o coloca como elemento marginalizado no convívio social.”
Estudos como este são elementos contribuintes na busca da emancipação social e econômica dos catadores. Dessa forma, a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de São João del-Rei – ASCAS recebe apoio efetivo da ITCP/UFSJ (Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares), esta tem apoio do PRONINC (Programa Nacional de Incubação) da FINEP (Financiadora de Estudos e Pesquisas), que tem por finalidade dar às incubadoras as possibilidades para assessorar e dar condições de sobrevivência aos coletivos incubados.
Mas o cumprimento do papel pela universidade pública de apoio a essas populações como a dos trabalhadores que empreendem na cadeia de resíduos, ainda uma atividade marginalizada, é sempre fator que justifica o empenho de estudos como esse. Tradicionalmente, a Administração se concentrou no propiciamento de estudos e desenvolvimento de tecnologias de gestão para os grandes empreendimentos capitalistas, excluindo e nem mesmo reconhecendo a existência de empreendimentos como esses (coletivos populares, domicílios de produção, famílias empreendedoras, homens-cadeia), que constituem uma importante parcela da população econômica ativa, que geram arte, relacionamentos, interações humanas.
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