ARQUITETURAS DO ABANDONO:

O espaço nos empreendimentos cooperativos.

Área Temática: Relatos de Experiência

Eduardo Rocha ; Pierre Moreira dos Santos

Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares – INTECOOP

Universidade Católica de Pelotas – UCPel - amigodudu@pop.com.br

 

Pensamos as arquiteturas do abandono a partir de vivencias em espaços de empreendimentos autogestionários. Espaços agenciados por sujeitos excluídos de uma arquitetura dita acadêmica, mas incluídos na vida da pólis. Entramos numa zona indistinta, onde interno e externo, público e privado, bios e zoé, academia e usuário se esfumam. Descobrimos que o abandonado é aquele colocado a mercê ou liberado, desregrado. Não existe um fora da lei, mas sim um sujeito entregue ao seu bando. Arquiteturas são políticas, as arquiteturas do abandono são regidas por leis que não prescrevem, não são receitas. Projetar espaços para esses grupos é se entregar ao bando, é colocar-se no mundo, representar-se. É preciso que a universidade se pergunte a quem representa? E com isso volte seu olhar para a periferia que a rodeia, não seja apenas uma máquina de fragmentos, de retalhos. A estrutura de bando precisa ser reconhecida na cidade e nos espaços em que vivemos. Ler a cidade a partir de suas arquiteturas do abandono é olhar a vida nua e o poder soberano unidos em uma só representação. É a representação do múltiplo, das multidões, não das minorias, das exceções. Arquitetura é relação, é desejo, é corpo. Arquitetura é vida.

 

Palavras-chave: arquitetura - cooperativismo – identidades – representações.

 

 

 

 

 

 

1. Origens das arquiteturas do abandono

A idéia inicial é investigar como se dão as formas de fazer e existir a arquitetura de espaços em lugares aonde a arquitetura acadêmica não chega, não existe.

A origem desse trabalho se dá em minhas experiências e vivências como técnico do Grupo de Pesquisa Tecnológico da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (INTECOOP)[1] da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).

A INTECOOP-UCPel, com sua ação acadêmica, quer ser reconhecida como um programa que produz repercussão social efetiva na Região Sul do Rio Grande do Sul por impulsionar a formação de iniciativas econômicas solidárias, que em função de sua amplitude quantitativa e qualitativa, produzem impacto sobre o cenário econômico regional, através da geração de trabalho e de renda proporcionada pela ação da incubadora, na pesquisa e no ensino de métodos e técnicas de produção e de gestão adequados socialmente a empreendimentos cooperativos (autogestionários) e que preservam o meio ambiente.

Compreendendo a democratização do saber como prática emancipatória, nossa missão é apoiar o desenvolvimento de iniciativas econômicas associativas que se orientem por princípios solidários, fundados numa perspectiva de articulação da cooperação e da autogestão, da viabilidade econômica, da preservação ambiental, da cidadania ativa e das potencialidades éticas em favor da vida.

Procuro nesse trabalho, visualizar a representação em suas mais diversas modalidades, sejam elas: gráficas, orais ou imaginárias. A idéia que sempre perpassa o trabalho é a que procura através de uma visão foucaultiana, descortinar as verdades dadas como certas, subverter a ordem dos saberes, possibilitando assim a formação de um profissional arquiteto e urbanista que reflita sobre e na suas práticas.

Os referenciais teóricos estão focados no pós-estruturalismo[2] e dos Estudos Culturais[3] com ênfase nos pensamentos das chamadas “Tecnologias do Imaginário”.

 A idéia inicial para encaminhar a investigação é o de utilizar o imaginário[4], juntamente com o simbólico[5] e o real[6]. Enquanto o imaginário se propõe a olhar para o conjunto de imagens pré-verbais – visuais e espaciais – que intervêm na constituição dos sujeitos, o simbólico pretende designar o domínio da linguagem nesse processo e o real irá aventurar-se, então, no que consideramos impossível de ser representado (por palavras e por imagens).

A partir do pensamento baudrillardiano, que é aquele do excesso: “quanto mais trocamos informações, menos estamos em comunicação”. Podemos vislumbrar que as cidades estão trocando o real pelo hiper-real, a verdadeira comunicação por sua simulação. Estamos dentro de uma encefalação eletrônica, onde o real desaparece com a instituição de seu simulacro.

No mesmo sentido, para Paul Virílio, as novas tecnologias estabelecem uma institucionalização do esquecimento e não privilegiam a reflexão, o debate e o exercício da memória, quem sabe a existência de um Frankstein tecnológico e arquitetônico, instituindo uma espécie de repetição e isolamento cultural. Virílio afirma que o tempo real e a velocidade mudaram a relação do homem com o ambiente urbano, social e cultural.

Para Virílio e Baudrillard, a existência contemporânea está imersa em uma espinha dorsal autodestrutiva. Esta sociedade da comunicação generalizada é vivida sob o signo da obscenidade começa mais precisamente com o fim da sociedade do espetáculo, onde não existe mais nada para ver, onde não há mais ilusão, pois tudo se tornou transparente e visível.

É possível vislumbrar que a mídia e as redes digitais estão tencionando o tempo e o espaço da cidade tradicional, esse confronto constrói e articula novas relações e interações.

Nos cenários contemporâneos, surgem, aparecem, nascem as arquiteturas abandonadas, lugares (des)ocupados com tempos esquecidos. São ruínas, que perderam seus atributos, seus encantos. Restos de construção, desmoronados, explodidos, incendiados, destroçados.  Ainda segundo Fuão (2004):

A informática faz alguns espaços desaparecerem em um passe de mágica e os tele-transporta para lugar nenhum. Lugares públicos tradicionais como bancos, cinemas, mercados, oficinas, tendem a encolher de tamanho e até desaparecer. Além de dar sumiço na arquitetura a informática incrementa o controle, inibe o crescimento físico das cidades e dos espaços. Isso significa repressão, retenção (s/p).

 

Para Marc Augé (2003) esse cenário contemporâneo e formado por não-lugares[7]. Os não-lugares são tanto as instalações necessárias à circulação acelerada de pessoas e bens (vias expressas, trevos, rodoviárias, aeroportos) quanto os próprios meios de transporte ou os grandes centros comerciais, ou ainda os campos de trânsito prolongando onde são estacionados os refugiados do planeta (p.36). Ou melhor “se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não lugar” (p.73).

A questão é procurar responder: Quais os fatores que levaram existência da arquitetura do abandono? Que arquitetura do abandono é essa? Qual a sua história? De onde surgiu? Porque resistem? Porque existem? Quem vive lá? Que tempo é esse? Que lugar é esse?

 

2. O abandono da arquitetura como um fenômeno econômico

O abandono da arquitetura pode ser considerado como parte de um fenômeno técnico-material da sociedade. Em primeira instância, a partir da existência de espaços arquitetônicos e urbanos para a produção de bens materiais e para a reprodução direta e ampliada do homem, não somente como força de trabalho potencial e real, mas como um complexo coletivo humano.

A análise da arquitetura sob esse ponto de vista, implica na valorização das relações socioeconômicas que se efetuam nos diferentes níveis, pensando a criação de bens materiais, e entre eles objetos arquitetônicos, como espaços que contem e são construídos por atividades econômicas.

Os fatores que caracterizam os processos econômicos interferem definindo os recursos com os quais se conta para empreender as ações dirigidas a conformar espaços construídos, e seus correspondentes nas esferas política e nas organizações jurídicas, os valores sociais e ideológicos, as distintas formas de pensamento, atuando como reguladores dos recursos econômicos.

Nessas esferas vão sendo tomadas as decisões quanto a maneira de distribuir os recursos econômicos e implementar as atividades construtivas, e ao mesmo tempo, definem os valores sobre os quais se organizam as respostas as exigências sociais que demandam os espaços construídos.

Assim consideramos que uma o abandono da arquitetura possa ser um termômetro das realidades econômicas existentes em seu contexto de espaço e de tempo, quando pensamos que essas construções na maioria dos casos não correspondem à realidade econômica do lugar onde está inserida.

 

3. A arquitetura do abandono como um fenômeno social

Podemos considerar a arquitetura do abandono a partir de seus condicionantes sociais. A influencia dos fatores sociais na configuração e no uso das edificações são condicionados a um momento histórico concreto, vinculado fundamentalmente ao momento ao qual a arquitetura foi proposta, ou melhor, serviu como resposta.

Desde as propostas dos utopistas até as analises de Marx e Engels com respeito à cidade e ao tema da moradia, passando pelos positivistas, se evidência o valor que assumiu a avaliação dos componentes sociais com relação à escala urbana e a escala arquitetônica.

O desenvolvimento da sociologia e suas aplicações nas analises do projeto urbano e arquitetônico propiciaram o desenvolvimento do campo especifico da sociologia urbana. Segundo Eliana Cárdenas (1988):

A questão essencial consiste na complexidade dos fatores sociais e de suas inter-relações, que condicionam as respostas arquitetônicas, dos comportamentos implícitos nelas, ou melhor, das condições de produção e reprodução vinculadas a arquitetura (p.122). 

 

As arquiteturas do abandono podem ser parte de um reflexo dos condicionamentos sociais moldados pelo próprio homem, e no tipo de resposta que essa arquitetura propõe para os seus usuários, e que no momento não satisfaz suas necessidades sociais.

É importante ressaltar que o vinculo entre a arquitetura e seus fatores sociais fazem parte de um conjunto de problemas econômicos, de ideologia política, de cultura, de suas manifestações.

 

4. A arquitetura abandonada como um fenômeno cultural

Todo o elemento cultural é o resultado de uma dinâmica social, concebida num processo coletivo de difusão, de assimilação, de criação e de recriação, com influência de uma herança acumulada por gerações anteriores, com características diversas para as distintas classes e grupos sociais.

A arquitetura sob uma ótica cultural é dinâmica, pode ser transferida de uma geração para outra. Essa transferência pode causar desconfortos, e trazer a tona valores culturais, estéticos, artísticos da arquitetura.

Quando abordamos a arquitetura como parte da cultura, é importante considerar como se manifestam os primeiros valores culturais, estéticos e artísticos da natureza do objeto arquitetônico.

Analisando uma arquitetura abandonada sob o ponto de vista cultural, cada espaço e cada tempo sinaliza para a criação de signos atrelados a esfera da inspiração artística.  No caso de uma arquitetura abandonada os signos culturais podem ser ou não históricos, ser ou não representativos, naturais ou sobrenaturais.

O espaço arquitetônico contemporâneo nos permite considerar outros métodos representativos como arquiteturas, todos os ramos da arte e suas variações. Eliana Cárdenas (1998) aponta que:

A “estética do feio” os valores estéticos baseados na colagem, na intertextualidade e recontextualização característicos da cultura pós-moderna repercutem na literatura, nas artes visuais, na arquitetura, na forma de vestir e nos objetos de uso cotidiano (p.138).

 

Quando tratamos de uma arquitetura que pode ser “qualificada” ou “desqualificada” culturalmente, esteticamente e artisticamente, se faz necessária a ampliação dessa análise aos condicionantes econômicos e sociais.    

 

4. As alterações no espaço e no tempo como um fenômeno econômico, social e cultural.

Todo o fenômeno arquitetônico precisa ser estudado sob o ponto de vista da estrutura e da organização econômica, social e cultural. O olhar tem que se voltar para a intenção de comunicação que esta forma arquitetônica e o seu uso provocam na realidade do estudo. É preciso visualizar com lentes que reduzam o objeto arquitetônico a sua forma isolada e com lentes que ampliem a visão de um todo que se articula, o olhar de dentro para fora e o de fora para dentro.

A hipótese geral tem como premissa a idéia de que a alta velocidade dos espaços e dos tempos advindos das representações da era digital tem modificado os tempos e os espaços arquitetônicos e urbanos das cidades – levando em conta seus aspectos econômicos, sociais e culturais – provocando o que aqui denominamos de o abandono da arquitetura.

A partir de tal idéia desenvolvemos, a seguir, as justificativas do estudo e as possíveis relevâncias essa temática poderá acarretar na formação do arquiteto e na critica da arquitetura.

 

5. O abandono da arquitetura

As novas características temporais e espaciais, que resultam na compressão de distâncias e de escalas temporais, estão entre os aspectos mais importantes da globalização e tem seus efeitos sobre a cidade. Paul Virílio (1993) nos conta que:

A partir de então, a ruptura de continuidade não se dá tanto no espaço de um cadastro ou no limite de um setor urbano, mas principalmente na duração, “duração” esta que as tecnologias avançadas e a reorganização industrial não acessam de modificar através de uma série de interrupções (fechamento de empresas, desemprego, trabalho autônomo...) e de ocultações sucessivas ou simultâneas que organizam e desorganizam o meio urbano ao ponto de provocar o declínio e a degradação irreversível dos locais, como no grande conjunto habitacional próximo a Lyon, onde a “taxa de rotatividade” dos ocupantes tornou-se elevada demais (um ano de permanência), contribuindo para a ruína de um hábitat que, entretanto, todos julgavam satisfatório (p.9).

 

Aldo Rossi (1998) diz que: “A mobilidade no tempo de cada parte da cidade está profundamente ligada ao fenômeno objetivo da decadência de certas zonas” (p.136). O abandono é sempre mais evidente nas grandes cidades, onde um grupo de edifícios sobrevive, enquanto outros se degradam,adoecem e morrem, ou em alguns casos sofrem cirurgias, amputações e restaurações.

De um lado a degradação de certas edificações e áreas da cidade e de outro a produção de uma arquitetura multicultural, o que chamamos de: arquitetura abandonada.

Quando falamos de construção e desconstrução de nossas cidades, estamos falando de modificações em nossas identidades culturais. As políticas de globalização produzem efeitos sobre as identidades culturais na pós-modernidade[8].

Stuart Hall (2003) quando aponta para o impacto que a globalização causa nas representações diz que: “o tempo e o espaço são também coordenadas básicas de todo o sistema” (p.70). Uma cidade convive ao mesmo tempo com todas as outras. Da mesma forma quando falamos de construção e desconstrução de nossas cidades, estamos falando de identidades culturais.

As grandes cidades, dilaceradas pelo crescimento desordenado e por um multiculturalismo conflitante, são o cenário em que melhor se manifesta o declínio das metanarrativas históricas, das utopias que imaginaram um desenvolvimento humano ascendente e coeso através do tempo. Mesmo nas cidades carregadas de signos do passado, o encolhimento do presente e a perplexidade diante do devir incontrolável reduzem as experiências temporais e privilegiam as conexões simultâneas no espaço.

Nestor Garcia Canclini (1997) alerta: “que os mapas que ordenavam os espaços e davam um sentido global aos comportamentos, as travessias, estão se desvanecendo” (p.131).

O que se observa de dentro a partir das praticas cotidianas, são fragmentos, restos, abandonos ou ficções, são percepções míopes, a cidade está em toda a parte e ao mesmo tempo não está em nenhuma. A cidade é vídeoclip, uma montagem efervescente de imagens descontinuas. A cidade é uma colagem.

“Cada cidade recebe sua forma do deserto a que se opõe”, dizia Marco Pólo, segundo relato de Ítalo Calvino (1990). Quando a cidade invade o deserto, o bosque, a montanha, tudo o que a rodeia e cerca, sua forma se desagrega, perde o sentido do espaço e do desafio.

Abandono[9] aqui passa a ser o que foge as regras, deixando que o excluído se retire da exceção. A exceção é uma espécie de exclusão.

A relação de exceção é uma relação de bando. Segundo Giorgio Agamben (2002):

Aquele que foi banido não é, na verdade, simplesmente posto fora da lei e indiferente a esta, mas é abandonado por ela, ou seja, exposto e colocado em risco no limiar em que vida e direito, externo e interno, se confundem. Fora ou dentro (p.15).

 

O abandonado por sua vez é aquele liberto das leis tradicionais, das arquiteturas acadêmicas, das normativas. Embora livremente crie as suas próprias formas de viver espaciais e temporais, seus espaços, seus cantos, suas portas.

 

6. Relevância: o olhar o que ninguém vê

No momento estamos na etapa de coleta de dados da pesquisa, embora já vislumbremos alguns futuros para a sua escrita, como podemos expor nas páginas anteriores, são múltiplas possibilidades.  Essa parece ser uma expressão definidora dos tempos atuais. As regras rígidas e as hipóteses pré-definidas estão sendo insuficientes para cumprir as promessas da modernidade, alicerçada na concepção dominante da ciência.

É o tempo e o espaço do virtual, onde o tempo é instantâneo e o espaço é incerto. Mesmo assim acredito que o fim da arquitetura, às vezes anunciada pelos ciber-arquitetos, dificilmente acontecerá. Enquanto o homem existir em um corpo físico o espaço sempre existirá. E havendo espaço e relação de objetos haverá uma arquitetura.

A importância do trabalho está na idéia de mostrar o outro lado, o que é marginal, o que não é, mas sim o que pode vir a ser. Voltar o olhar para uma arquitetura abandonada, mostrar, revelar, mostrar um roteiro que certamente os turistas não vêem. Quantos de nós passamos todos os dias por prédios em ruínas sem os vermos?

 

7. Referências

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

AUGÉ, Marc. Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. São Paulo: Papirus, 1994.

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Rio de Janeiro: Eldorado, s/d.

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CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. São Paulo: Cia das Letras, 1990.

CANCLINI, Nestor García. Consumidores e Cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.

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FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: o nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1977.

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HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções do nosso tempo. In: REVISTA EDUCAÇÃO E REALIDADE V.22 N.2. Porto Alegre, UFRGS, 1997.

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[1] A INTECOOP/UCPel – INCUBADORA TECNOLÓGICA DE COOPERATIVAS POPULARES DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS (Estado do Rio Grande do Sul, Brasil) é um programa permanente de extensão universitária, iniciado em 1999, e desenvolvido pelo Núcleo Local da Rede Unitrabalho, que por sua vez está vinculado à Escola de Serviço Social da UCPel.  De caráter interdisciplinar, o programa conta com a participação de professores de diversas unidades da UCPel, bem como de docentes e estudantes da co-irmã Universidade Federal de Pelotas. No momento a INTECOOP acompanha 9 empreendimentos urbanos (6 grupos de reciclagem, 1 grupo de costureiras e 2 grupos de artesanato na periferia da cidade de Pelotas/RS) e 3 empreendimentos rurais (3 cooperativas de assentamentos da reforma agrária nos municípios de Piratini, Herval e Canguçu/RS).

[2] Pós-estruturalismo. Termo abrangente, cunhado para nomear uma série de análises e teorias que ampliam e, ao mesmo tempo, modificam certos pressupostos e procedimentos da análise estruturalista. Particularmente, a teorização pós-estruturalista mantém a ênfase estruturalista nos processos lingüísticos e discursivos, mas também desloca a preocupação estruturalista com estruturas e processos fixos e rígidos de significação. Para a teorização pós-estruturalista, o processo de significação é incerto, indeterminado e instável. De uma outra perspectiva, o pós-estruturalismo apresenta-se também como uma reação à fenomenologia quanto à dialética. Citam-se, freqüentemente, Michel Foucault, Jacques Derrida e Gilles Deleuze como sendo teóricos pós-estruturalistas. In: SILVA, T., 2000, p.92.

[3] Estudos Culturais. Campo de teorização e investigação que tem origem na fundação do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS), na Universidade de Birmingham, Inglaterra, em 1964. Ultimamente a produção do Centre passou a ser influenciada pelo pós-estruturalismo, adotando elementos das contribuições teóricas de Michel Foucault e Jacques Derrida, entre outros. Ao longo destas transformações, continuou sendo fundamental uma concepção que vê a cultura como um campo de luta em torno do significado e a teoria como campo de intervenção política. A idéia de Estudos Culturais de CCCS expandiu-se consideravelmente nos últimos anos, propiciando o desenvolvimento de um campo importante e influente de teorização e investigação social. In: SILVA, T., 2000, p.55.

[4] O “imaginário” está ligado, sobretudo, à chamada “fase do espelho”, na qual a criança, ao se contemplar no espelho, te, imaginariamente, a ilusão de um “eu” inteiro e unificado. In: SILVA, 2000, p.70.

[5] O “simbólico” coincide com a resolução do complexo de Édipo, pelo qual o sujeito, ao entrar no domínio da significação, submete-se às regras e proibições sociais representadas pela figura paterna. In: SILVA, 2000, p.70.

[6] Para Deleuze: “o processo de realização é submetido a duas regras essenciais, aquela da semelhança e aquela da limitação”. In: DELEUZE, 1991 p.100.

[7] Os não-lugares não estão isentos das relações de poder, no momento em que “se estabelece a dupla e contraditória necessidade de pensar e de situar o universal, de anular e de fundar o local, de afirmar e de recusar a origem”. Os não-lugares da informática misturam-se, interpenetram-se, com os lugares da arquitetura, ambos se opõem e se atraem. In: AUGÉ, 2003, p.103.

[8] Conforme Stuart Hall a identidade cultural na pós-modernidade prevê que: “o sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias e não resolvidas” (1997, p.12).

[9] Em Giorgio Agamben: In bando, a bandono significam em italiano tanto “a mercê de” quanto “ao seu talante, livremente”, como na expressão correre a bandono, e bandito quer dizer tanto “excluído, posto de lado” quanto “aberto a todos, livre” (2002, p.36).