voltar para 2008                Olivier, Olivier (Stand by Me, França, 1992)


O filme foi lançado na França em 1992.

 Quando um garoto de 9 anos desaparece misteriosamente, desagrega toda uma família. As coisas tornam-se mais confusas quando, anos mais tarde, surge um rapaz que pode muito bem ser o filho desaparecido. Drama denso e interpretações perfeitas do elenco.

 O desaparecimento de um filho e o reencontro do mesmo seis anos após o ocorrido parece ser um final feliz para qualquer história. Nesse caso, é apenas o início conturbado de “Olivier, Olivier”, um drama familiar que demonstra a dificuldade de se reestruturar num ambiente marcado por sentimentos como mágoa, culpa e dor. Sem cair na armadilha do sentimentalismo barato, a diretora busca entender e não lamentar ou chocar os espectadores ao expor os conflitos que abalam o equilíbrio do convívio da família retratada. Também não apresenta repostas fáceis aos mistérios presentes no enredo do filme. Holland prefere desmistificar a imagem do que seria um lar comum, mostrando que ali podem ser gerados tanto bons frutos como a cumplicidade, a intimidade e a solidariedade, quanto maus frutos como o infanticídio e o abuso sexual de menores.

Ao final do filme, você deixa de questionar o que é real e o que é sonho. Você esquece que tudo, até a verdade, foi gentil. Até mesmo o desaparecimento de Olivier e o conflito com os vizinhos ocupam um lugar secundário frente ao suave modo com que a história, no todo, foi narrada. Quando a audiência é, então,  enfrentada com o que pode ser a verdade aos personagens do filme, vem o fim e o filme se torna realidade. Até a última cena do filme persiste o questionamento “quem daquelas pessoas está vivendo a ficção que compõe suas vidas?”. Tendo que enfrentar a verdade ao final do filme, a família escolhe viver a mentira gentil que os reuniu. A tensão sexual entre os pólos marido/esposa e irmã/irmão explode ante seus olhos. Não de luxúria mas por amor. Poucos filmes têm capturado esse clima. Olivier, Olivier o fez. (adaptado de: http://www.imdb.com/title/tt0102583/)

 Direção e roteiro: Agnieszka Holland

Elenco:

Frédéric Quiring ...  Marcel
 Faye Gatteau ...  Nadine petite
Emmanuel Morozof ...  Olivier petit
Brigitte Roüan ... 
Elisabeth Duval
François Cluzet ... 
Serge Duval
 Carole Lemerle ...  Babette petite
Jean-François Stévenin ...  l'inspecteur Druot
Jean-Bernard Josko ... 
le flic
Madeleine Marie ...  La grand-mère
Lucrèce La Chenardière ...  la voisine
Françoise Lorente ...  la droguée
Alexis Derlon ... 
Micky
Grégoire Colin ...  Olivier
Mathias Jung ...  Simard
Marina Golovine ...  Nadine

O cinema sem fronteiras de Agnieszka Holland

Pedro Aguiar

http://publique.festivaldorio.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=printerview&sid=4&infoid=177

Se ainda hoje não é tão alta a proporção de mulheres entre cineastas de sucesso, imagine-se quantas havia uns 20, 30 anos atrás. Pois naquela época a polonesa Agnieszka Holland já lançava seus filmes e era reconhecida como um talento promissor do cinema europeu. Autora de alguns dos mais belos filmes da cinematografia recente, Agnieszka foi progressivamente melhorando sua técnica e aumentando seu prestígio.

 

Depois de realizar produções em diversos países, ela vem ao Festival do Rio 2003 para lançar Voltando para Casa (Julie Walking Home, 2002), que ganhou o Leão de Ouro do ano passado em Veneza. Além do Globo de Ouro que recebeu em 1991, as outras indicações para os principais prêmios do cinema ocidental em seu currículo deixam claro por que Agnieszka Holland está entre os mais importantes diretores vivos da Europa.

Nascida em Varsóvia, capital da Polônia, em 1948, Agnieszka decidiu ser cineasta bem cedo e foi para Praga, na vizinha Tchescoslováquia, estudar cinema. Ingressou na FAMU (Universidade Nacional de Filme, Arte e Música), instituição de referência em estudos de cinema no Leste Europeu, onde lecionaram Milos Forman (Hair, Amadeus, O Povo contra Larry Flint) e Ivan Passer (Stalin, Primeiro Amor de Verão), entre outros diretores importantes. Sua formação foi completada, ainda, como assistente de direção de Andrzej Wajda e colaborando com Krzysztof Kieslowski, ambos também poloneses.

Agnieszka e sua obra são marcadas por uma forte politização, que a diretora viveu na pele. Recusou-se a fugir de Praga durante a ocupação soviética de 1968 e acabou presa. Quando voltou à Polônia, o país estava vivendo o início das lutas por reformas no socialismo, encabeçadas pelo sindicato Solidariedade. Agnieszka Holland retratou o movimento no filme Complô Contra a Liberdade (To Kill a Priest, 1988), baseado no caso polêmico de um padre militante que fora assassinado. Quando foi decretada a Lei Marcial na Polônia, em 1981, Agnieszka fugiu para evitar nova repressão, e se exilou em Paris, onde ficou radicada pelas décadas seguintes.

A obra de Agnieszka Holland, uma verdadeira autora de cinema, inclui produções realizadas em diversos países, como Polônia, França, Inglaterra, Alemanha e Canadá, entre outros, mas sempre com alguns laços em comum. Família, política e questões judaicas são temas recorrentes em seus filmes, boa parte deles baseados em fatos reais. Colheita Amarga (Angry Harvest, 1986) é uma história do Holocausto, em que uma judia escapa de um trem que ia para campos de concentração e se refugia na plantação de um fazendeiro católico. A perseguição nazista é retomada em Filhos da Guerra (Europa Europa, 1990), sobre um rapaz que consegue esconder sua origem judaica e se infiltra na Juventude Hitlerista.

Em 1992, filmou o belíssimo Olivier, Olivier (Olivier, Olivier, 1992), outra história verídica, sobre o que ocorre numa família como conseqüência do desaparecimento de um filho, no interior da França. A direção meticulosa e sensível de Agnieszka deu ao protagonista Grégoire Colin o César (o Oscar francês) de ator-revelação em 1993.

Alguns de seus melhores filmes são mais recentes, porém não os mais cultuados da sua carreira. Sob a bênção de Francis Ford Coppola, a polonesa fez sua estréia em Hollywood com O Jardim Secreto (The Secret Garden, 1993). Dois anos depois dirigiu o astro jovem Leonardo DiCaprio em Eclipse de uma Paixão (Total Eclipse), sobre o relacionamento tempestuoso dos poetas Verlaine e Rimbaud. Continuou dirigindo filmes nos EUA, como A Herdeira (Washington Square, 1997) e O Terceiro Milagre (The Third Miracle, 1999), trabalhando com atores hollywoodianos como Ed Harris e Jennifer Jason Leigh.

 Mesmo viajando pelo mundo para realizar seus filmes - Voltando para Casa foi filmado na Polônia e no Canadá -, Agnieszka Holland mantém fortes os laços com suas origens. Seu próximo projeto é filmar a história real de Juraj Janosik, um herói nacional eslovaco.


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Última atualização / Last Updated : 09/02/2010
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