Elenco:
Sinopse:
Kore Eda, autor do roteiro,
situa seus personagens em uma espécie de umbral, uma estação
intermediária, num ponto qualquer entre o céu e a terra, que
se assemelha a uma casa de campo, um casarão feito de luz e
sombras. Nesse ambiente, pessoas mortas recentemente são
apresentadas aos seus guias, equipes de "profissionais", que
informam a estas pessoas que estão mortas. Durante os três
dias seguintes, estarão escalados para ajudar os mortos a
vasculhar suas memórias em busca de um momento determinado
de suas vidas, uma boa lembrança, um marco em suas
existências, a sua lembrança mais feliz. O momento escolhido
será recriado em um filme, que será uma espécie de lembrança
que levarão consigo em sua passagem para o “paraíso”. Mas,
além do choque dessas pessoas ao saberem que estão mortas,
resta ainda uma tarefa difícil: escolher o momento mais
importante de suas vidas, aquilo que deverá ser gravado para
sempre e que servirá como o exemplo de suas vidas passadas.
Por meio de enquadramentos magníficos e pausas nas
narrativas, o cineasta leva o público à reflexão.
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Depois da Vida - por
Angélica Bito
http://www.screamyell.com.br/cinema/depoisdavida.html
Um presente, um abraço, um
beijo, um suspiro. Na maioria das vezes, a felicidade é
feita por pequenos momentos, detalhes do nosso dia-a-dia que
deixamos passar, mas que fazem a diferença e o nosso bom
humor. "Depois da Vida" (Wandafuru Raifu - 1998) é um filme
que nos faz repensar como vemos essas gotas de felicidade,
diluídas ao longo de nossos dias. Nos faz pensar que a
maioria dessas gotas passa por nossos olhos sem que as
aproveitemos. Quando nos damos conta, já é tarde demais.
Claro que "Depois da Vida"
se passa depois que os personagens morrem. Antes de irem ao
chamado paraíso, os mortos do filme passam por uma espécie
de pensão, na verdade, uma estação intermediária entre o céu
e a terra. Lá, auxiliados por funcionários (guias) que
também passaram desta para melhor, os mortos têm três dias
para escolher qual momento, dentre todas as memórias de sua
vida, querem conservar para sempre. Uma só lembrança será
conservada – as outras serão sumariamente deletadas de suas
memórias. Escolha injusta, claro, mas como brigar com o
desconhecido? Se a felicidade é feita dos pequenos momentos,
como levá-la de forma completa para a eternidade? No fim,
teremos várias respostas desse pequeno enigma de
espaço/tempo.
No documentário "Janela da
Alma", o cineasta Walter Lima Jr diz que passou a enxergar a
realidade pelo cinema. Os mesmos filmes que levaram a
realidade ao cineasta brasileiro e a tantos outros
apaixonados pelo cinema são os que ficam para a eternidade
em "Depois da Vida". Uma vez escolhido o momento, os
funcionários desse local fazem de tudo para recriar e
filmar, em estúdio mesmo, a passagem, de acordo com a
memória dos mortos. Alguns sabem exatamente qual momento
escolher. Outros pensam, repensam, escolhem duas ou três
vezes. Outros se recusam a escolher um único momento, pelo
excesso ou pela falta deles. No fim da rápida jornada, os
mortos assistem a seus filmes em um pequeno cinema. Rumo à
eternidade, eles levam essas imagens filmadas na memória.
"Depos da Vida" é o
segundo longa do diretor japônes Hirokazu Kore-eda e chega
ao Brasil com quatro anos de atraso depois de vencer vários
prêmios, inclusive o Festival de Cinema Independente de
Buenos Aires. Já havia freqüentado várias mostras no país
(inclusive a 22ª Mostra SP), mas não tinha sido liberado em
pequeno circuito.
Lúdico, belo e, em alguns
trechos, depressivo, "Depois da Vida" faz com que pensemos
como estamos aproveitando os pequenos momentos. Já que ainda
temos a chance de aproveitá-los, que façamos enquanto
estamos vivos. Dá vontade de degustar, sem pressa alguma,
cada momento como se esse fosse o levado para a eternidade.
Carpe Diem
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