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http://www.adorocinema.com/filmes/morte-em-veneza/morte-em-veneza.asp
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Ficha Técnica
Título Original: Morte
a Venezia
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento (Itália):
1971
Estúdio:
Alfa Cinematográfica
Distribuição:
Warner Bros. Pictures
Direção: Luchino
Visconti
Roteiro:
Nicola Badalucco e Luchino Visconti, baseado em
livro de Thomas Mann
Produção:
Luchino Visconti
Fotografia:
Pasqualino De Santis
Desenho de Produção:
Nedo Azzini
Direção de Arte:
Ferdinando Scarfiotti
Figurino:
Piero Tosi
Edição:
Ruggero Mastroianni |
Elenco
Dirk Bogarde (Gustav von Aschenbach)
Mark Burns (Alfred) Carole André
(Esmeralda)
Marisa
Berenson (Frau von Aschenbach) Björn
Andrésen (Tadzio) Nora Ricci (Governanta)
Leslie
French (Agente de viagem) Silvana Mangano
(Mãe de Tadzio) Romolo Valli
(Gerente do hotel)
Sinopse
Início do
século XX. De férias, o compositor austríaco Gustav von
Aschenbach (Dirk Bogarde) vai para Veneza buscando repouso,
após um período de estresse artístico e durante uma crise
existencial e pessoal. Parece um homem reservado e
civilizado aos olhos daqueles que o conhecem. Porém ele não
encontra a paz desejada, pois logo desenvolve uma paixão por
um belo jovem adolescente, Tadzio (Björn Andrésen), que
está, também, em férias com sua família. A beleza do rapaz
ao mesmo tempo atrai e oprime o compositor. O garoto Tadzio
incorpora o ideal de beleza que von Aschenbach sempre
imaginou. Esse fascínio pelo belo, a busca do sublime e do
perfeito se contrapõe à epidemia de cólera asiática que
ataca a cidade, à pobreza que o cerca, à tudo que se afasta
dos ideais estéticos. Tudo faz com que o compositor se sinta
mais incompatível com o mundo, acentuando sua crise. Ele
pensa em ir embora antes de cometer um ato impensado, mas
sua bagagem foi para outra cidade, obrigando-o a permanecer
ali. Com o início dessa paixão secreta, começamos a notar o
presságio de sua destruição. O diretor Luchino Visconti, com
seu rigor artístico peculiar, faz aqui uma adaptação do
romance clássico de Thomas Mann. Por esse trabalho o diretor
recebeu o prêmio especial do 25º Aniversário do Festival de
Cannes.
Premiações
-
Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Figurino.
- Ganhou
4 prêmios no BAFTA, nas categorias de Melhor Figurino,
Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Trilha
Sonora. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme,
Melhor Diretor e Melhor Ator (Dirk Bogarde).
- Ganhou
o Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu.
- Ganhou
o Prêmio do 25º Aniversário, no Festival de Cannes.
Curiosidades
- O
personagem Gustav von Aschenbach foi oferecido a Burt
Lancaster, que o recusou.
- Este é
o 2º filme em que o diretor Luchino Visconti e o ator Dirk
Bogarde trabalharam juntos. O anterior foi Os Deuses
Malditos (1969).
- Dirk
Bogarde baseou sua aparência no compositor Gustav Mahler.
- Björn
Andrésen foi dublado, já que era um ator sueco que estava
interpretando um personagem polonês.
- No
livro de Thomas Mann, o qual Morte em Veneza é
baseado, o personagem Gustav von Aschenbach é um autor,
enquanto que no filme ele é um compositor.
Pôsters e Imagens
http://www.screamyell.com.br/secoes/morteemveneza.htm
A morte em Veneza
por Renata di Modrone
"A morte
em Veneza" ("Morte a Venezia", 1971) é uma visão do Kabuki
ajustado a sinfonia de Mahler. Cento e vinte oito minutos do
problema e do desejo, do amor platônico entre um homem mais
velho e um belo adolescente; tratada em profunda análise
psicológica e em extremo requinte de estilo dentro de um
rigoroso teor artístico, na adaptação do romance concebido
no umbral da Primeira Guerra Mundial.
A
película, dirigida por Luchino Visconti, exprime
ostensivamente o caráter de adaptação e não de reprodução da
novela de Thomas Mann, imprimindo um pragmatismo por vezes
infiel a obra literária. Direito inquestionável nas Artes!
Visconti omite as primeiras dezesseis páginas das setenta e
nove páginas da obra de Thomas Mann, porque não acredita que
o monólogo interior desta seção teria precisão no filme,
passando imediatamente a porção da novela que emula o
interesse de Aschenbach em Tadzio; usando o artifício dos
flashbacks que são incorporados na narrativa para explicar a
motivação atrás da atração fatal de Aschenbach. Ao contrário
do livro entretanto, a película nunca busca isolar Tadzio
dentro do reino de interesses apenas criativos de Aschenbach.
A força de Tadzio é posta como a imagem que evoca um
relacionamento mais visceral e subseqüentemente mais ambíguo
entre os dois.
A
caracterização dos diálogos é dada através da
correspondência entre Mahler (em quem Mann baseou
parcialmente o caráter de Aschenbach) e Shönberg, onde os
flashbacks são tão perturbadores quanto o siroco. Tentando
elevar as tormentas do artista a estas conversações, com
alusões a Nietzsche e a Schopenhauer, resultam
freqüentemente mais como extratos da guia das notas de um
penhasco ao confronto da idéia do belo e da própria
estética. Aschenbach professa uma opinião no artista como o
criador da beleza. Esta proposição é ovacionada por Alfred
durante as seqüências do flashback. Corte de encontro à
visão do belo adolescente Tadzio, sugestionada numa simetria
complementar. Esta argumentação intrusiva e taciturnica
atribuem a Tadzio uma posição meramente formal na
desintegração de Aschenbach. É obscurecida abaixo desta
roupa filosófica uma obsessão mais física.
A beleza
ideal de Tadzio é trazida à tela no corpo de treze anos do
belíssimo modelo e ator Björn Andressen.É impossível
determinar o quanto esta equação de pederastia tenha jogado
em surdina a aceitação do discurso do desejo contido na
Morte em Veneza e com qual efeito.Quando a estranheza desta
película é discutida está geralmente nos termos de uma
oposição binária: um ou outro Aschenbach como o artista numa
obsessão estética e espiritual terminal; ou um ou outro
Aschenbach arrebatado pela paixão carnal pelo púbere.
Alguns
escritores foram aos grandes elogios e outros refutaram e
acusaram a homossexualidade salientada na película,
responsabilizando a permissividade sexual por uma má
interpretação dos sentimentos de Aschenbach para com
Tadzio.Visconti salienta que a referência é muito mais ao
platonismo em si do que a mera homossexualidade. Mesmo a
obra literária de Thomas Mann, com todo o domínio do estilo
e a finura da análise dos sentimentos não conseguiu escapar
ilesa aos severos julgamentos, o escritor Per Hallström
atacou: "A admiração sem limites que esta empresa temerária
provocou um pouco em toda parte é, entre muitos outros, um
fato comprometedor, que diz bastante da decadência
espiritual da Europa no umbral da guerra de 1914".
A rapsódia
sobre a atração pelo belo adolescente Tadzio é posta de
forma efusiva e ao mesmo tempo platônica. Seria possível
dissecar o artifício cinematográfico atrás das superfícies
projetadas, mas seria uma extravagância. Andressen reflete
uma beleza óbvia, beleza que descreve uma perspectiva do
desejo.Meditações ilusórias que puderam atear fogo à palavra
escrita, plano da queda antes de sua imagem.
Não
importa comprovar o correto discurso filosófico da película;
não importa o quanto velho é o homem; não importa que seja
menor a beleza do sexo na tela; esta é uma película que não
pode ser negada no seu modo. Não é tão existencial, nem
simplesmente escabroso como julgam os detratores, mas é ao
contrário mais inclinado ao erotismo lânguido,
envolventemente espiritual e tensamente sensual.
"A morte
em Veneza" é o escritório dianteiro de Tadzio querendo dos
irmãos da Warner uma nomeação para o Oscar expurgado por não
adaptarem a figura do menino para o papel de uma menina
("Lolita" diz ESTÁ BEM a hetero-pedofilia). O único toque
compartilhado está na fantasia, a única declaração da
afeição é mantida além do alcance da voz. Não fiador do
olhar; Tadzio no jogo; na bandeja lenta da câmera, A Morte
em Veneza é bordos do tecnicolor de Dirk Bogarde.
Uma
evocação rica do amor que ousa não falar seu nome, do desejo
e do seu gêmeo terminal, "Morte em Veneza" fala como o
silêncio (= morte). Uma vez que Aschenbach arrepende-se em
sua tentativa de fugir de Veneza e abandonar seu fascínio
por Tadzio, o colapso do amacilamento do homem anuncia a
presença da praga. As ruas se esvaziam e logo os turistas
desaparecem, funcionando preferivelmente como pretexto para
desinfetar no fumo de seus fogos o pútrido. Os estragos da
cólera asiática avançam de modo devastador assim como a
obsessão de Aschenbach que como a pestilência já não tem
remédio, vaga perdida...
O carretel
e a cara finais de Aschenbach estão nas ruínas, uma
destruição que mascarada com a beleza recorda a seqüência da
abertura com sua tímida parodia de uma rainha dandy do
envelhecimento. Um reacionário reflexo, um mimesis, dando a
voz ao mito do homossexual destrutivo do self (infringindo)
o Sodom novo, uma tragédia velha. Duramente, vai esvaindo-se
no momento que considera estas ligações que estão sendo
desenhadas entre o sexo e a morte, sem pensar na epidemia da
nossa própria era. Isto é, antes que estas incursões
estivessem ascendentes, quebrando, para caírem afastadas
antes do jogo claro da memória de Tadzio, balançando o
alicerce das colunas.

O
escritor alemão e autor da novela "A Morte em Veneza"
-Thomas Mann:
Thomas
Mann, grande e complexo escritor alemão, Prêmio Nobel de
Literatura em 1929 por "Os Buddenbrook" (1901) e mentor de
numerosos clássicos da literatura mundial ("A Montanha
Mágica", "A Morte em Veneza", "O Doutor Fausto", "Felix
Krull" e outros). Nasceu em 6 de junho de 1874 na cidade de
Lubeck, Alemanha.
Seu pai
foi um rico importador e senador de origem alemã e a mãe
possuía ascendência brasileira, provocando em Mann um choque
entre a herança latina vibrátil materna e o racionalismo
conferido pela fria autodisciplina paterna. Seu pai morre
subitamente no outono de 1891, à parte da herança concebida
para Thomas não o obrigam a ganhar a vida por um bom tempo.
Desposa a filha de um rico e famoso professor universitário,
Kátia Pringesheim, companheira ideal (ensaísta e tradutora)
que poupava Mann das preocupações cotidianas.
Em 1933,
com a ascensão de Hitler e do Nazismo na Alemanha, Mann
parte com a família para o exílio na Suíça, enquanto
imigrante, é naturalizado cidadão tcheco, indo pouco tempo
depois lecionar na Universidade de Princeton, nos EUA.Volta
a Suíça, onde falece em 1955.
Quanto aos
filhos de Thomas Mann, destaque para os ativistas gays,
Érika Mann e Klaus Mann (contista e ensaísta respeitado na
critica literária contemporânea) e também para Golo Mann
(historiador apreciável, professor em Stuttgart).
Confissões póstumas de pendores homossexuais:
Escreveu
ele na sua autobiografia: "no elevador, quantas vezes quando
entravam belos meninos eu tinha que esconder minha excitação
física..." Esta citação reascendeu as discussões e os
julgamentos quanto à obra mais polêmica e conhecida pelos
leitores de Mann, "A Morte em Veneza (1912)".
Objeto de
desejo de um escritor no livro – e de um compositor no filme
-, Tadzio, descobriu-se, teria realmente existido e
inspirado Mann, que tinha pendores homossexuais. O seu nome
real seria Wladyslaw Moes, de origem polonesa, e ele teriam
estado em Veneza, de fato, no início do século, na mesma
época em que Mann visitou o local. Moes leu o romance e
identificou várias passagens com situações vividas por ele
durante a viagem – inclusive a saída de sua família da
cidade em virtude do surto de cólera. A história foi
confirmada pelo tradutor de Mann para o polonês, Andrej
Doegowski, na revista Twen. Em "Morte em Veneza", como em
outros romances de Mann, o "heroísmo da fraqueza" corre
paralelo à "sedução pelo declínio" e consiste em resistir,
pela disciplina, a tudo o que é "desmedido" e "caótico".
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