MEDIDAS INICIAIS DE IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA
A técnica de espectroscopia de impedância eletroquímica consiste na aplicação de uma tensão variável (em freqüência f) e medida da impedância V/I. O sistema eletroquímico é modelado como um conjunto capacitor/indutor/resistor e a variação de comportamento em função da freqüência f revela os mecanismos eletroquímicos. Para se obterem estes resultados, introduziu-se um procedimento de varredura de impedância eletroquímica dentro do programa de deposição de camadas. Os resultados estão sendo apresentados através de dois tipos de gráfico. O primeiro, usualmente denominada gráfico de Nyquist, relaciona a parcela imaginária da impedância com a parcela real. O segundo, usualmente denominada gráfico de Bode, relaciona a parte real da impedância e o ângulo de fase com a freqüência, em escalas logarítmicas.
Foram feitas medidas nos seguintes sistemas:
depósitos de cobalto sobre cobre, com diferentes espessuras
depósitos de cobre sobre cobalto, com diferentes espessuras
multicamadas obtidas por etapas potenciostáticas
multicamadas obtidas por etapas potenciostáticas e potencial de circuito aberto
multicamadas obtidas por etapas galvanostáticas
filme com estrutura granular
Depósitos de cobalto sobre cobre, com diferentes espessuras
Fizemos medidas em camadas de cobalto depositado por diferentes tempos: 0,14s, 0,70s, 3,5s, 17,5s e 87,5s. Estes tempos foram obtidos pela repetição de camadas obtidas com 0,14s, de modo que passaremos a mencionar, respectivamente, 1 / 5 / 25 / 125 / 625 camadas. Em cada camada, depositou-se uma carga em torno de –3,5mC/cm2.
Para cada um destes depósitos, realizou-se uma varredura de freqüências de 100000 a 0,001Hz em torno de um potencial-base de –0,5V (para se evitar deposição ou corrosão durante a medida), com amplitude de 0,01V e curva senoidal simples. Isto foi feito através de duas sub-varreduras, como mostra a Tabela XI.
Tabela XI – Condições utilizadas para os ensaios de impedância eletroquímica
Freqüência inicial (Hz) |
Freqüência final (Hz) |
Número de freqüências |
Amplitude (V rms) |
Distribuição |
|
Sub-varredura 1 |
100000 |
0,01 |
81 |
0,01 |
logarítmica |
Sub-varredura 2 |
0,01 |
0,001 |
5 |
0,01 |
logarítmica |
Apresentamos inicialmente os gráficos de Nyquist. Apresentamos o conjunto delas, com exceção da referente a 125 camadas, na Figura 60. A curva para 125 camadas é apresentada separadamente na Figura 61, comparada às curvas para uma e cinco camadas.
Figura 60 – Gráficos de Nyquist para substrato/1/5/25/125 camadas
Figura 61 – Gráficos de Nyquist para 1/5/125 camadas
As curvas de Bode correspondentes a estes resultados são apresentadas nas Figuras 62 a 67.
Figura 62 – Substrato de cobre
Figura 63 – Uma camada de cobalto
Figura 64 – Cinco camadas de cobalto
Figura 65 – 25 camadas de cobalto
Figura 66 – 125 camadas de cobalto
Figura 67 – 625 camadas de cobalto
Observa-se que os diagramas do substrato de cobre e dos depósitos de cobalto com uma e cinco camadas apresentam um única constante de tempo (Figuras 62 a 64). Com espessuras maiores, observam-se duas constantes de tempo (Figuras 66 e 67). A Figura 65, com a espessura intermediária de 25 camadas de cobalto, apresenta uma curva de fase alargada, sugerindo uma transição entre um comportamento e outro. Esta mudança sugere uma modificação dos fenômenos eletroquímicos que ocorrem na superfície do cobalto. Esta modificação é também sugerida pelo aumento do módulo de impedância à medida que a constante de tempo de alta freqüência se torna mais definida, o que é acompanhado por uma menor definição da constante de tempo de baixa freqüência, que era dominante nas baixas espessuras.
Depósitos de cobre sobre cobalto, com diferentes espessuras
Para o cobre, fizemos deposições e medidas de modo semelhante ao anterior, mas com tempos de 2,5s para cada camada, e diferente valor do potencial-base para a medida de impedância. Inicialmente foi depositada uma camada de cobalto por 422s. Para as camadas de cobre, o potencial será fixado em zero (com base na Figura 4) para se evitar corrosão ou deposição durante a medida.
Figura 68 – Corrente de deposição de diferentes camadas de cobre
Como mostra a Figura 68, as deposições de cobre ocorreram a densidades de corrente cada vez menores, o que é coerente com o consumo de íons na solução. Para 1/5/25/125/625 camadas, as correntes médias foram 0,18/0,83/0,50/0,35/0,28 mA (para 1cm2).
Os gráficos de Nyquist das varreduras obtidas são apresentados na Figura 69.
Figura 69
– Gráfico de Nyquist para substrato/1/5/25/125/625 camadas de cobre
Comparação entre multicamadas obtidas com diferentes técnicas
Apresentamos a seguir gráficos de Nyquist e de Bode referentes a medidas de impedância feitas sobre filmes com estrutura nominalmente semelhante. Eles possuem três camadas de cobalto depositado por 0,01s alternadas com quatro camadas de cobre depositadas por 0,05s, 0,1s, 0,1s e 0,05s (na realidade, as camadas de cobre de 0,1s são duplas, cada parte consistindo em uma camada de 0,05s). O que diferencia estas quatro estruturas é a transição efetuada entre a etapa de deposição de cobalto e a de cobre. Estas alternativas foram discutidas no Capítulo 2. As figuras apresentadas a seguir referem-se, respectivamente, a:
Figuras 73 e 74: multicamadas obtidas por com etapa em circuito aberto
Figuras 75 e 76: multicamadas obtidas apenas potenciostaticamente
Figuras 77 e 78: multicamadas obtidas por etapas galvanostáticas
Comparando-se as curvas de Nyquist, observa-se que a estrutura obtida com etapa em circuito aberto (Figura 73) apresentam maior impedância que as outras duas. Isto significa que, numa extrapolação para freqüências maiores, estas curvas cruzariam o eixo em freqüências mais elevadas. Ou seja, estas estruturas apresentam maior resistência à transferência de cargas. Todas as curvas observadas apresentam-se "achatadas". Isto resulta do fato de as superfícies apresentarem poros, irreguridades, etc, fazendo com que as diversas características estruturais que podem ser associadas a capacitores, indutores e resistores encontrem-se dispersas.
Analisando-se as curvas de Bode, observa-se que a estrutura obtida galvanostaticamente apresenta maior instabilidade a baixas freqüências, na curva de fase. Isto sugere que este substrato seja mais ativo eletroquimicamente que os demais.
Filmes com estrutura homogênea ou globular
As curvas de Nyquist e de Bode para um filme obtido a partir de deposição em potencial único (Capítulo 4) são apresentadas nas Figuras 79 e 80. Não iremos analisá-las ainda, por desconhecermos a estrutura obtida e por não termos estruturas análogas para comparação.