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Método de McCabe-Thiele

Visão Geral
Simplificações

Linhas de Operação


 

 

 

 

 

 

 

 

Visão Geral

Em 1925, McCabe e Thiele desenvolveram um método gráfico para determinação do número de estágios em equilíbrio necessário para que produtos de fundo e de topo, de uma coluna de destilação, atingissem uma determinada pureza.

O método de McCabe-Thiele baseia-se no traçado de linhas, conhecidas como linhas de operação, em um gráfico de x versus y (gráfico x-y) onde existe, também, a curva de equilíbrio para a mistura que se deseja separar. É um método aplicável somente para misturas binárias. São traçadas duas linhas de operação: a linha de operação da seção de esgotamento e a  linha de operação da seção de retificação. As seções de esgotamento e de retificação situam-se, respectivamente, abaixo e acima do ponto onde a coluna é alimentada com a mistura original. As linhas de operação são geradas a partir de balanços de massa, total e para cada componente, nas seções específicas (esgotamento e retificação).

O método de McCabe-Thiele ainda é popular mas desatualizado para fins práticos frente a outras metodologias mais avançadas, surgidas posteriormente, e utilizadas com o auxílio de computadores. Mas é ainda útil para o entendimento básico da separação de misturas em colunas de destilação com múltiplos estágios e para a compreensão da complexidade desse problema. Esse método também é adequado para visualizar o impacto das variações nos parâmetros de projeto (tais como a razão de refluxo, R = L/V) no número de estágios em equilíbrio. Pode ser usado, também, para observação de situações limites: refluxo total (L/V = 1, o que dá o número mínimo de estágios em equilíbrio) e refluxo mínimo (o número infinito de estágios em equilíbrio).

Para mais informações, recomendam-se os sites:

e os livros citados na Bibliografia.


Simplificações

Na época em que foi proposto o método, não existiam recursos computacionais adequados para a resolução de problemas tão complexos como o acima citado. Por isso McCabe e Thiele admitiram certas simplificações:

  • os efeitos térmicos (calores de solução, perdas de calor para e da coluna, etc.) são desprezíveis

  • as entalpias molares de vaporização (calores latentes molares de vaporização) dos componentes são aproximadamente iguais

  • a variação de entalpia das fases vapor e líquida são desprezíveis (o calor liberado durante a condensação de 1 mol de vapor é, exatamente, o mesmo para vaporizar 1 mol de líquido);

  • a coluna opera em regime permanente

De acordo com essas simplificações é possível, para ambas as seções (retificação e esgotamento), estabelecer que a vazão molar de vapor permanece constante à medida que ele sobe pela coluna. E a vazão molar de líquido também deve ser constante em ambas seções (veja o esquema da Figura 1). Isso garante que as linhas de operação sejam linhas retas (veja a Figura 2).


Linhas de Operação

As linhas de operação, traçadas em um gráfico x-y, representam as correntes líquido e vapor passando, uma pela a outra, entre dois estágios da coluna ou seja, determinam o balanço de massa na coluna, de acordo com a seção correspondente (esgotamento ou retificação). Neste texto não será demonstrado esse fato. Isso pode ser encontrado na literatura sobre destilação.

A curva de equilíbrio estabelece o equilíbrio líquido-vapor da mistura binária, a uma determinada pressão e com a temperatura variando (Veja Curvas ELV). Essa  curva, colocada no mesmo gráfico, juntamente com as linhas de operação, representam as correntes de líquido e vapor que deixam um estágio em equilíbrio.

distillation column
McCabe-Thiele diagram
Figura 1: Esquema da coluna mostrando as vazões que entram e que saem de estágios nas duas seções Figura 2: Esquema do gráfico x-y contendo as linhas de operação (azuis), a curva de equilíbrio (verde) e os pratos e estágios em equilíbrio (linhas e pontos vermelhos)

A seguir será visto o traçado das linhas de operação e a determinação do número de pratos da coluna.


Traçado da Linha de Operação para a Seção de Retificação

A linha de operação para a seção de retificação é construída como segue (veja a Figura 3):

  • Primeiro situa-se a, no eixo X, composição desejada para o produto de topo no diagrama de ELV, no caso o valor xD;
  • traça-se uma linha vertical desde o ponto marcado até a linha diagonal que divide o diagrama ELV pela metade;
  • Traça-se uma linha nesse ponto de intercessão com inclinação R/(R+1).

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Figura 3: Traçado da linha de operação para a seção de retificação da coluna.

Tem-se que R é a razão de refluxo, determinada pela relação entre a vazão do refluxo, o líquido que volta do condensador para a coluna (L) e a vazão de destilado, o produto retirado pelo condensador (D).


Traçado da Linha de Operação para a Seção de Esgotamento

A linha de operação para a seção de esgotamento é construída de modo semelhante (veja a Figura 4):

  • o ponto de partida é a composição desejada para o produto de fundo, xB;
  • traça-se uma linha vertical até encontrar a linha diagonal
  • nesse ponto constrói-se  uma linha com inclinação Ls/Vs.

Ls é a vazão de líquido que desce pela seção de esgotamento da coluna, enquanto que Vs é a vazão de vapor que sobe pela mesma seção. Assim, a inclinação da linha de operação da seção de esgotamento é a relação entre o líquido e vapor que fluem naquela parte da coluna.

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Figura 4: Traçado da linha de operação para a seção de esgotamento da coluna


Traçado dos Estágios e Pratos

O método de McCabe-Thiele considera que o líquido que preenche uma prato (ou bandeja) e o vapor que coexiste com esse líquido estão em equilíbrio. O modo como este fato está relacionado com a curva ELV e com as linhas de operação está esquematizado na Figura 5.

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Figura 5: Relacionamento entre a curva de ELV e as linhas de operação.

Na Figura 5, vê-se, em detalhe, a linha de operação e a curva ELV para a seção de esgotamento, em relação à um estágio n da coluna. As letras L denotam os fluxos de líquido e as letras V, os de vapor, que entram ou saem do referido estágio. As letras x e y determinam, respectivamente, as composições para o líquido e o vapor e os índices inferiores determinam a origem dos escoamentos ou das composições, ou seja, estando no estágio 'n', 'n-1' significa 'vindo/indo do/para o estágio imediatamente inferior' enquanto que 'n+1' 'vindo/indo do/para o estágio imediatamente superior'. O líquido e o vapor existentes no estágio 'n' estão em equilíbrio, por isso, xn e yn situam-se, ambos, na linha de equilíbrio (linha ELV).

O vapor que está acabando de chegar em um prato, tem a mesma composição que a do prato de onde ele veio. Esse fato é representado pela linha horizontal que parte do ponto xn,yn e cruza com a linha de operação. No ponto de cruzamento ter-se-á a composição do líquido do prato 'n+1' pois a linha de operação define o balanço de massa nos pratos. A composição do vapor nesse prato será dado pelo encontro da linha vertical que sobe desse último ponto até encontrar a linha de equilíbrio.


Número de Estágios e de Pratos Teóricos

Fazendo repetidamente a construção gráfica citada anteriormente, será obtido um gráfico com uma linha em forma de "escada", semelhante ao mostrado na Figura 6. cada "degrau" corresponde a 1 estágio da destilação. Essa é a base do dimensionamento das colunas de destilação usando o Método de McCabe-Thiele

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Figura 6: Número de estágios de uma coluna de destilação pelo método de McCabe-Thiele.

No caso do exemplo mostrado na Figura 6, são necessários 7 estágios. Esses estágios são conhecidos como estágios teóricos (NET).. O número de pratos teóricos (NPT) é calculado pela equação:

NPT = NET - 1

O número de pratos é 1 número a menos o de estágios pois, na construção do gráfico inclui a contribuição do refervedor na separação.


Número Real de Pratos

O resultado gerado pelo método de McCabe-Thiele é obtido supondo-se que os pratos irão funcionar com perfeição, ou seja, o contato líquido-vapor será completo, o equilíbrio entre as fases será bem estabelecido, etc.. Na verdade isso não acontece e sendo conhecida a eficiência dos pratos, o valor teórico poderá ser corrigido pela equação:

NPR = NPT/eP

onde NPR é o número real de pratos e eP a eficiência dos pratos.

valores típicos de eficiência estão entre 0,5 e 0,7 e dependem de vários fatores, tais como, tipo do prato, condições de escoamento dos fluídos. Algumas vezes são adicionados pratos adicionais (até 10%) para suprir deficiências resultantes do sub-dimensionamento.


A linha de alimentação (linha q)

A linha de operação da seção de esgotamento encontra a linha de operação da seção de retificação em um determinado estágio e é nele que a coluna será alimentada .

O ponto de encontro das duas linhas de operação deveria coincidir com a composição da alimentação. Pode ser, entretanto, que em determinados casos, a composição da alimentação não coincida com a intersecção das linhas de operação.

Isso significa que a alimentação não é um líquido saturado. A condição da alimentação, nessas situações, pode ser determinada pela inclinação da linha de alimentação ou linha-q. Essa linha é traçada unindo-se o ponto de encontro das linhas de operação com o ponto, na linha diagonal, que representa a concentração da alimentação.

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Figura 7: Esquema da linha de alimentação.

Na Figura 7 vê-se vários tipos de linhas de alimentação, com diferentes inclinações, dependendo do estado da alimentação:

  • q = 0 (vapor saturado)

  • q = 1 (liquido saturatedo)

  • 0 < q < 1 (mistura de líquido e vapor)

  • q > 1 (líquido subresfriado)

  • q < 0 (vapor superaquecido)


Usando Linhas de Operação e Linhas de Alimentação no Método de McCbe-Thiele

Se existem informações acerca das condições da alimentação, pode-se construir a linha-q e usá-la no Método de McCabe-Thiele. Além da curva de equilíbrio, somente outras duas linhas podem ser usadas no método:

  • linha-q e linha de operação da seção de retificação;
  • linha-q e linha de operação da seção de esgotamento;
  • linhas de operação das seções de retificação e de esgotamento.

pois cada par irá determinar a terceira linha.

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